Nomination of Ricardo Lopes Dias as Head of FUNAI’s CGIIRC (2-6-20)

SALSA Statement Condemning the Nomination of Ricardo Lopes Dias as Head of Brazil’s General Coordination of Isolated and Recently Contacted Indigenous Peoples

Nomination of Ricardo Lopes Dias as Head of FUNAI’s CGIIRCThe Society for the Anthropology of Lowland South America, an international scholarly organization composed of 500 professors, students, and practitioners, strongly condemns the nomination of Ricardo Lopes Dias to the position of coordinator of FUNAI’s CGIIRC, the General Coordination of Isolated and Recently Contacted Indigenous Peoples, on Feb. 5, 2020 . This nomination continues the frighteningly dangerous trend of the Brazilian government under Jair Bolsonaro discounting the rights of indigenous peoples and endangering their cultural and territorial integrity.

Continue reading...

Trained as an anthropologist, Mr. Lopes Dias has worked for over two decades as a member of the New Tribes Mission (now Ethnos360), an evangelical religious organization founded in the U.S. in 1942 with the express aim of converting the world’s isolated tribal populations to Christianity. He has worked extensively in the Vale do Javari Indigenous Territory, where indigenous groups have publicly denounced New Tribes Mission and continue to suffer from the destruction of cosmological and ethical beliefs wrought by forced evangelization. As researchers from across the globe, we speak in a united voice as advocates for ethical and humane research on issues related to lowland South America, its peoples, and its environments. Furthermore, we view religious freedom and freedom of expression as human rights enjoyed by all peoples, and are therefore deeply concerned that the appointment of a missionary to this high post will fundamentally alter FUNAI’s work and endanger the cultural autonomy of groups living in voluntary isolation from the state. The primary role of FUNAI cannot be allowed to shift from being the guarantor of indigenous rights (sanctified in Articles 231 and 232 of the 1988 Constitution) to that of imposing state-sanctioned religious conversion. Furthermore, tribal peoples have a right to live in isolation from the Brazilian state and society if they so choose; the appointment of a missionary committed to the destruction of indigenous religion runs completely contrary to the mission of the CGIIRC.

Since Mr. Bolsonaro took office in early 2019, financial support for the National Indian Foundation (FUNAI) has cratered, technicians have been forbidden from pursuing their work concerning the demarcation of indigenous territories, and senior research and advocacy professionals have been dismissed or had their reputations besmirched on political grounds. While journalists and researchers from other disciplines may have perspectives on how Mr. Bolsonaro’s policies are beholden to agricultural interests or a resurgent militarism, our experience as anthropologists leads us to condemn the blatant assault on indigenous peoples being carried out by Mr. Bolsonaro in name of an assimilationist agenda. We stand in solidarity with the diverse peoples and cultures of Brazil, with our colleagues in government who see the folly of Mr. Lopes Dias’s appointment, and with defenders of human rights worldwide.

Nota da SALSA Condenando a Nomeação de Ricardo Lopes Dias para a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato CGIIRC/FUNAI

A Sociedade para a Antropologia das Terras Baixas de América do Sul, uma organização acadêmica internacional composta por 500 professores, estudantes e profissionais, condena veementemente a indicação em 5 de fevereiro de 2020 de Ricardo Lopes Dias para o cargo de coordenador do CGIIRC da FUNAI. Essa indicação continua a tendência assustadoramente perigosa do governo brasileiro sob Jair Bolsonaro, descontando os direitos dos povos indígenas e colocando em risco sua integridade cultural e territorial.

Treinado como antropólogo, o Sr. Lopes Dias trabalha há mais de duas décadas como membro da Missão Novas Tribos (hoje chamado Ethnos360), uma organização religiosa evangélica fundada nos EUA em 1942 com o objetivo expresso de converter as populações tribais isoladas do mundo ao Cristandade. Ele trabalhou extensivamente no Território Indígena Vale do Javari, onde grupos indígenas denunciaram publicamente a Missão Novas Tribos e continuam sofrendo com a destruição das crenças cosmológicas e éticas provocadas pela evangelização forçada. Como pesquisadores de todo o mundo, falamos em voz unida como defensores de pesquisas éticas e humanas sobre questões relacionadas às terras baixas da América do Sul, seus povos e ambientes. Além disso, consideramos a liberdade religiosa e a liberdade de expressão como direitos humanos usufruídos por todos os povos e, portanto, estamos profundamente preocupados com o fato de que a nomeação de um missionário para este alto cargo altere fundamentalmente o trabalho da FUNAI e ponha em risco a autonomia cultural de grupos que vivem em isolamento voluntário. O papel principal da FUNAI não pode deixar de ser o garante dos direitos indígenas (santificados nos artigos 231 e 232 da Constituição de 1988) para o de impor a conversão religiosa sancionada pelo Estado. Além disso, os povos tribais têm o direito de viver isolados do estado e da sociedade brasileira, se assim o desejarem; a nomeação de um missionário comprometido com a destruição da religião indígena é completamente contrária à missão do CGIIRC.

Desde que Bolsonaro assumiu o cargo no início de 2019, o apoio financeiro à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) entrou em colapso, os técnicos foram proibidos de prosseguir seu trabalho sobre a demarcação de territórios indígenas, e os profissionais de pesquisa e advocacia foram demitidos ou tiveram seus reputações manchadas por motivos políticos. Enquanto jornalistas e pesquisadores de outras disciplinas podem ter perspectivas sobre os motivos de Bolsonaro ligadas aos interesses agrícolas e um militarismo ressurgente, nossa experiência como antropólogos nos leva a condenar o flagrante ataque contra os povos indígenas que o Sr. Bolsonaro está realizando, que em realidade é uma agenda assimilacionista. Temos solidariedade com os diversos povos e culturas do Brasil, com nossos colegas do governo que veem a loucura da nomeação do Sr. Lopes Dias ,e com os defensores dos direitos humanos em todo o mundo.

Declaración de SALSA en la que se condena el nombramiento de Ricardo Lopes Dias como Jefe de la Coordinación General de Pueblos Indígenas Aislados y Recientemente Contactados de Brasil

La Sociedad para la Antropología de Tierras Bajas Suramericanas (SALSA), una organización académica internacional compuesta por 500 profesores, estudiantes y profesionales, condena enérgicamente el nombramiento de Ricardo Lopes Dias, el 5 de febrero de 2020, al cargo de Jefe de la Coordinación General de Pueblos Indígenas Aislados y Recientemente Contactados (CGIIRC) de FUNAI. Este nombramiento perpetúa la tendencia peligrosa y perturbadora del gobierno brasileño bajo Jair Bolsonaro, de despreciar los derechos de los pueblos indígenas y poner en peligro su integridad cultural y territorial.

Formado como antropólogo, el Sr. Lopes Dias ha trabajado durante más de dos décadas como miembro de la Misión Nuevas Tribus (ahora Ethnos360), una organización religiosa evangélica fundada en los Estados Unidos en 1942 con el objetivo expreso de convertir a las poblaciones tribales aisladas del mundo a la Cristiandad. Ha trabajado extensamente en el Territorio Indígena Vale do Javari, donde los grupos indígenas han denunciado públicamente la Misión Nuevas Tribus y continúan sufriendo la destrucción de sus creencias cosmológicas y éticas ante la evangelización forzada. Somos investigadores de provenientes de muchas partes del mundo, pero hablamos con voz aunada como defensores de la investigación ética y humana sobre temas relacionados con las tierras bajas de América del Sur, sus pueblos y sus entornos. Consideramos que la libertad de religión y de expresión son derechos humanos de todos los pueblos y, por lo tanto, nos preocupa profundamente que el nombramiento de un misionero para este alto cargo altere fundamentalmente el trabajo de FUNAI y ponga en peligro la autonomía cultural de los grupos que viven en aislamiento voluntario del estado. No se puede permitir que el papel principal de FUNAI pase de ser el garante de los derechos indígenas (consagrado en los artículos 231 y 232 de la Constitución de 1988), a ser quien impone a la fuerza la conversión religiosa sancionada por el estado. Además, los pueblos tribales tienen derecho a vivir aislados del estado y la sociedad brasileños si así lo desean; el nombramiento de un misionero comprometido con la destrucción de la religión indígena es completamente contrario a la misión del CGIIRC.

Desde que el señor Bolsonaro asumió la presidencia a principios de 2019, el apoyo financiero para la Fundación Nacional del Indio (FUNAI) se ha desplomado, a sus técnicos se les ha prohibido continuar su demarcación de territorios indígenas, y los profesionales en los niveles administrativos superiores y encargados de investigación y defensa han sido despedidos o han visto su reputación manchada por la persecución política. Si bien periodistas e investigadores de otras disciplinas se han enfocado sobre cómo las políticas del Sr. Bolsonaro se avasallan a los intereses agrícolas o a un militarismo resurgente, nuestra propia experiencia como antropólogos nos lleva a condenar particularmente el asalto flagrante contra los pueblos indígenas que el señor Bolsonaro está perpetrando en nombre de una agenda asimilacionista. Nos solidarizamos con los diversos pueblos y culturas de Brasil, con nuestros colegas en el gobierno que ven lo absurdo que es el nombramiento del Sr. Lopes Dias, y con los defensores de los derechos humanos en todo el mundo.

Photography: FUNAI-Povos Indígenas Recém-Contatados